COVID-19
Primeiro caso suspeito da variante indiana do Coronavírus é monitorado no RN
Informação foi divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública nesta segunda-feira 31
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) emitiu uma nota na qual informa monitorar um paciente suspeito que teve contato com paciente positivo para a cepa indiana da Covid-19. Segundo o texto divulgado nesta segunda-feira 31, as amostras do paciente será enviada para Fiocruz e Instituto Evandro Chagas (IEC) com a finalidade de investigar possível contaminação pela nova variante no Rio Grande do Norte.
A nota destaca, ainda, que a pasta inicia esta semana o envio de amostras para detectar possíveis variantes da cepa indiana no Estado potiguar, das quais serão priorizadas amostras que atendam a critérios clínicos epidemiológicos.
Nova variante indiana pode causar terceira onda de Covid-19 no Brasil? Entenda
Mesmo com a baixa nos casos novos de Covid-19 e óbitos em decorrência da doença nas últimas semanas, especialistas em saúde pública alertam para o crescimento na taxa de transmissão do coronavírus no Brasil e para uma possível terceira onda da doença no país. A casos pontuais da variante identificada pela primeira vez na Índia (B.1.617) em território nacional também assusta: mais transmissível do que o normal, a cepa está relacionada ao pior momento da pandemia na Índia.
Anaclaudia Fassa, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e membro da diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), explica que uma epidemia de Covid-19 está disseminada por todo o país, e é controlada de três formas: distanciamento, vigilância epidemiológica e vacinação.
“O distanciamento foi flexibilizado amplamente, como pesquisas mostram que as pessoas estão circulando mais. A vigilância epidemiológica ainda não acordou, não temos testagem em massa, nem dos contatos para interromper a transmissão. A vacinação é devagar. A verdade é que não temos controle da epidemia no Brasil ”, diz.
Segundo Bergmann Morais Ribeiro, professor do Departamento de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), especialista em vírus e membro da pesquisa nacional de sequenciamento genômico do coronavírus, uma terceira onda deve acontecer mesmo sem uma variante indiana.
“A variante indiana é mais transmissível, mas não sabemos se, quando chegar, vai dominar a P.1, que é a variante mais frequente no momento. A cepa indiana tem uma mutação que a ajuda a escapar dos olhos, mas a variante P.4, identificada na última semana, tem uma mutação igual. A chegada da B.1.617 não significa necessariamente que ela vai ser predominante na terceira onda ”, explica.
O professor diz que, em laboratório, é possível enxergar a competição entre duas variantes pela infecção de uma célula. O mesmo deve acontecer na população, caso a variante indiana comunique-se com a transmissão no Brasil. Se ela for dominante, o número de casos deve aumentar rapidamente, piorando ainda mais a próxima onda.
O ideal seria que a nova variante não entrasse no país, uma vez que já temos as nossas próprias mutações para lidar. Para Bergmann, uma única forma de controlar esta e qualquer outra variante é pela testagem em massa da população e pelo sequenciamento genético para saber quais cepas estão circulando. “Sem teste, ficamos no escuro. Além de melhorar a vigilância interna, é importante testar os pacientes que chegam de voos internacionais”, ensina.
Medidas mais restritivas
Anaclaudia afirma que a única estratégia possível para evitar a terceira onda, com ou sem variante, é o lockdown. Segundo ela é preciso fechar tudo, e não há alternativa. “Precisamos aprender com as ondas que passaram. No passado, fechamos tudo e, aos primeiros sinais de melhora, reabrimos. Não se controla a pandemia assim. Precisamos manter como medidas restritivas até que se tenha um número de casos que uma vigilância epidemiológica seja capaz de acompanhar ”, diz.
A professora lembra ainda que o governo precisa garantir que a população tenha condições de ficar em casa para cumprir o isolamento quando contaminada, assim como os seus contatos próximos. Ela concorda que, para segurar como novas variantes vindas de outros países, o ideal é apostar nas barreiras sanitárias. “Mas falta coordenação, estamos sempre correndo atrás, sempre atrasados. É difícil evitar depois que a variante já está no país ”, explica.
Fonte: AgoraRN
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