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Nunes Marques será relator de mandado que pede impeachment de Moraes
A ação foi protocolada nesta segunda-feira, 12, pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), após conversa com o presidente
O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), será o relator de mandado de segurança que pede agilidade na análise de pedido de impeachment aberto contra o também ministro Alexandre de Moraes. A ação foi protocolada nesta segunda-feira, 12, pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO).
O impeachment de Moraes é pleito antigo de parlamentares que integram o chamado grupo Muda Senado, do qual Kajuru é um dos integrantes.
A destituição do ministro, contudo, ganhou força na última semana, após o ministro Luis Roberto Barroso determinar que o Senado desse prosseguimento aos pedidos de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades cometidas pelo governo federal no combate da pandemia.
A CPI representou duro golpe ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que indicou retaliação ao STF com o pedido de impeachment de ministros que estavam engavetados no Senado Federal.
Nesse domingo, 11, Kajuru e Bolsonaro voltaram a discutir o impeachment de ministros do STF em uma gravação telefônica gravada e divulgada pelo senador.
No diálogo, cujos primeiros trechos foram publicados redes sociais de Kajuru pela tarde, o chefe do Executivo defende que o parlamentar peça a ampliação da CPI para que os governadores e prefeitos também sejam investigados.
Leia a transcrição do primeiro trecho:
Bolsonaro: Então uma CPI completamente direcionada à minha pessoa.
Kajuru: Não, presidente, a gente pode convocar governadores.
Bolsonaro: Se você não mudar o objeto da CPI, você não pode convocar governadores.
Kajuru: Tá, mas eu vou mudar. Eu quero ouvir os governadores.
Bolsonaro: Se mudar dez pra você, porque nós não temos nada a esconder.
Kajuru: Não, eu não abro mão de ouvir governadores em hipótese alguma.
Bolsonaro: Então, olha só…
Kajuru: Eu só não quero que o senhor me coloque no mesmo joio.
Bolsonaro: Olha só, você tem que fazer, tem que mudar o objetivo da CPI. Tem que ser ampla.
Kajuru: Ampla, claro.
Bolsonaro: CPI da Covid no Brasil. Daí você faz um excelente trabalho pelo Brasil.
Kajuru: Exato. O que eu quero fazer é isso. Eu não vou manchar meu nome de forma alguma.
Bolsonaro: Você não é o autor da CPI, então o objetivo do autor, que eu não sei quem é, como tá lá é investigar omissões do governo federal no combate à Covid.
Kajuru: Não é meu caso.
Bolsonaro: Tudo bem!
Kajuru: Eu acabei de declarar para o Augusto Nunes, mas eu quero dizer que eu não posso ser colocado no mesmo joio, não é, presidente? Nas suas entrevistas, o senhor coloca como se todos nós fossemos iguais. Aí não é certo.
Bolsonaro: A CPI hoje é para investigar omissões do presidente Jair Bolsonaro. Ponto final.
Kajuru: O senhor pode dizer: “Não é o que pensa o senador Kajuru, que quer fazer uma investigação completa”.
Bolsonaro: Kajuru, se não mudar o objetivo da CPI ela vai só vir para cima de mim.
Kajuru: Mas não vai, presidente, tem a opinião de outros. São 11 titulares e 8 suplentes, a opinião de um não prevalece, vai prevalecer a quem concordar. Eu não concordo com coisa errada, presidente.
Bolsonaro: Kajuru, olha só: O que que tem que fazer para ter uma CPI que realmente seja útil para o Brasil: mudar a amplitude dela, bota governadores e prefeitos. Presidente da República, governadores e prefeitos.
Kajuru: Eu fui o primeiro a assinar para governadores e municípios. O senhor pode ver lá. Portanto, eu concordo da amplitude.
Bolsonaro: Tá ok. Se mudar a amplitude, tudo bem, mas se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório “sacana”.
Kajuru: Isso aí eu não faço nunca, pela minha mãe.
Bolsonaro: Vamo lá, Kajuru, coisa importante aqui: A gente tem que fazer do limão uma limonada. Por enquanto, o limão é o que está aí, e tá para sair uma limonada. Acho que você já fez alguma coisa. Tem que peticionar o supremo pra botar em pauta o impeachment também.
Kajuru: E o que eu fiz? O senhor não viu o que eu fiz não?
Bolsonaro: Parece que você fez. Fez pensando em investigar quem?
Kajuru: O Alexandre de Moraes, ué.
Bolsonaro: Tudo bem.
Kajuru: Eu tenho que começar pelo Alexandre de Moraes, porque o do Alexandre de Moraes meu, já está lá engavetado pelo Pacheco, só falta ele liberar, correto?
Bolsonaro: Você pressionou o Supremo, né?
Kajuru: Sim, claro. Eu entrei contra o Supremo. Entrei ontem às 17h40.
Bolsonaro: Parabéns para você.
Kajuru: Eu só queria que o senhor desse crédito para mim nesse ponto.
Bolsonaro: Kajuru, de tudo o que nós conversamos aqui, nós estamos afinados, nós dois. É CPI ampla, investigar ministros do Supremo.
Kajuru: E nunca “revanchista”.
Bolsonaro:: Dez para você. Tendo a oportunidade, pode deixar que eu falo com as mídias e sinto que a minha conversa contigo, ampla CPI do Covid. E também o Supremo.
Kajuru: Exatamente. Se ele fez com a CPI tem que fazer também com o ministro.
Bolsonaro: Sim.
Kajuru: Né?! Quer dizer, então é a coisa justa. O que é difícil pra mim é que eu tenho uma posição dessa, presidente, e aí todo mundo vem contra mim porque a fala do senhor generaliza todo mundo. Não é só eu não. Todo mundo que conversar com o senhor como eu, acho que o senhor precisa separar o joio do trigo.
Bolsonaro: Kajuru, olha, qualquer pessoa que eu conversar vou dizer o seguinte: ‘O Kajuru foi bem intencionado, só que a CPI era restrita. Só que agora ele vai fazer o possível para ter uma CPI ampla. Da minha parte, não tem problema nenhum. Ele inspecionou o Supremo, que deve ser o próprio Barroso.
Kajuru: Deve ser não, tem que ser, por causa daquela palavra jurídica “pretento”, então juridicamente ele é obrigado a opinar, ele não pode colocar em nome de outro ministro.
Bolsonaro: É “prevento”. Ele vai ter que despachar.
Kajuru: Ele não pode colocar na mão de outro. Modéstia à parte, eu acho que fui bem nessa.
Bolsonaro: Bem não, você foi dez. Acho que o que vai acontecer, eles vão ponderar tudo. Não tem CPI nem tem investigação do Supremo.
Kajuru: Ou bota tudo, ou zero a zero
Bolsonaro: Eu sou a favor de botar tudo pra frente.
Kajuru: É, claro, vamo pro “pau”.
Bolsonaro: A questão do vírus, ninguém vai curar, não vai deixar de morrer gente infelizmente no Brasil. Um dia morre menos gente se os prefeitos todos pegassem recursos e aplicassem em postos de saúde, hospital.
Kajuru: Presidente, eu sou justo. Nunca pedi uma agulha para o senhor.
Bolsonaro: Estamos 100% assinados, Kajuru. Fique tranquilo!
Kajuru: Eu só quero pedir justiça, presidente.
Bolsonaro: Se você me pedir algo, sei que vai fazer bom uso disso.
Kajuru: O senhor me ajudou no que, foi o único presidente da República da história do Brasil que ajudou o diabetes. E isso aí é toma lá da cá?
Bolsonaro: Tem nada a ver.
Kajuru: Pelo amor de Deus, não é?
Bolsonaro: Tá certo.
Kajuru: Abraço para você. Bom final de semana e saúde.
Bolsonaro: Valeu, até mais!
Bolsonaro chama senador de “bosta”
Nesta segunda-feira (12/4), foi divulgada outra parte da conversa, na qual Bolsonaro ofende o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do pedido de instalação da CPI para investigar ações do governo federal na pandemia de Covid-19 e líder da oposição no Senado.
Leia a transcrição do segundo trecho:
Kajuru: Eu acabei de declarar para o Augusto Nunes, na Jovem Pan agora, o senhor pode ver aí. Eu dei uma entrevista pra ele. Eu falei pra ele que se ela for revanchista, eu faço questão de não participar dela.
Bolsonaro: Não, mas… Se você não participa, vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues, vai participar e vai começar a encher o saco. Daí vou ter que sair na porrada com um bosta desse.
Em resposta, o senador amapaense frisou que a declaração do mandatário não vai causar intimidação.
“A violência costuma ser uma saída para os covardes que têm muito a esconder. Não irão nos intimidar! Especialmente porque sabemos que a fraqueza desse governo está em todos os âmbitos”, escreveu Randolfe no post.
Bolsonaro reclama
Bolsonaro reclamou, na manhã desta segunda, da gravação e divulgação de conversa com Kajuru. Apesar da aparente indignação, o mandatário do país afirmou que falou de outras coisas no diálogo e pediu a publicação dos demais trechos.
“Eu fui gravado numa conversa telefônica, tá certo? A que ponto chegamos no Brasil aqui?”, iniciou Bolsonaro, ao dialogar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Uma pessoa que estava no local classificou o ato como vazamento. O chefe do Executivo respondeu: “Não é vazar, é te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar… E outra: só para controle, falei mais coisa naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?”
O senador afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que avisou ao presidente que publicaria a conversa com 20 minutos de antecedência. Pontuou ainda que o mandatário não tentou impedir a publicação. Segundo o parlamentar, Bolsonaro teria dito: “Tudo bem, tudo que falei está falado”.
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